O que determina a lealdade invisível a um antepassado que nunca conhecemos e a repetição transgeracional de padrões e acontecimentos disfuncionais?
No seu trabalho pioneiro na Psicogenealogia, Anne Ancelin Schützenberger escreveu que "como meros elos numa cadeia de gerações, podemos não ter escolha ao repetir os eventos e traumas experimentados por nossos antepassados que agem por nós em nossa própria vida".
Psicogenealologia e Terapia Transgeracional são poderosas modalidades terapêuticas para explorar as maneiras pelas quais a vida de uma pessoa pode ser influenciada pelos seus antepassados e para curar os scripts disfuncionais que eles podem estar inconscientemente repetindo.
Eventos traumáticos não processados encontram uma maneira de se manifestar nas gerações subsequentes e de ressurgir no presente.
Repetimos o que não resolvemos. Psicogenealogia e Terapia Transgeracional esclarecem padrões de lealdade invisível e ajudam o cliente a refletir sobre a identificação inconsciente com os seus antepassados, a fim de quebrar os ciclos de repetição dolorosa, lidar com traumas não resolvidos e curar feridas emocionais.
Uma das autoras mais influentes do trabalho transgeracional, Anne Ancelin Schützenberger, conceituou o método da psicogenealogia, uma abordagem psicanalítica, sistêmica e contextual da terapia transgeracional.
Tornou-se autora best-seller com Os Meus Antepassados (1998). Seu livro apresenta fascinantes vinhetas clínicas para ilustrar como fragmentos não processados ou lacunas inconscientes nas narrativas da vida influenciaram a vida de seus clientes e como eles superaram desafios psicológicos ou físicos, ou medos aparentemente irracionais, refletindo sobre os paralelos entre sua própria vida e a vida dos seus antepassados.
Em seu fascinante trabalho , Ancelin Schützenberger escreveu que uma doença transgeracional às vezes é criada nas famílias quando as emoções são suprimidas e quando existem segredos. Questões proibidas podem surgir através de um olhar evitado, explosões repentinas de raiva, ou um lapsus linguae.
Ao longo das últimas décadas, conceitos importantes da psicogenealogia tornaram-se as lentes através das quais fenômenos transgeracionais são tornados visíveis e empiricamente resolvidos na prática. Um dos principais conceitos a considerar na terapia transgeracional é a "síndrome do aniversário".
Ancelin Schützenberger (1998) descreveu-o como um período de fragilidade psicológica que se manifesta como sentimentos angustiantes, pensamentos ou memórias, bem como doenças, acidentes ou morte súbita, ligadas à repetição de um evento familiar traumático ou que ocorre no aniversário de uma experiência significativa. Outro conceito importante será o de “lealdade invisível”. O termo "lealdade invisível" refere-se a uma força sistêmica que mantém o controle do direito e do endividamento nas famílias, pode ser descrito como um conjunto de expectativas e obrigações que são passadas através de gerações da sua família de origem.
A estrutura integrativa da Psicogenealogia e da Terapia Transgeracional revela narrativas disfuncionais, esclarece padrões de lealdade invisível e lança luz sobre nossas crenças e padrões herdados. Como futuros antepassados, nossa responsabilidade é a de interromper a transmissão de repetições inconscientes, lidar com os legados não resolvidos e curar as feridas emocionais do passado, para que possamos dar vida, significado e propósito às gerações futuras.
O Genosociograma é um método de papel e caneta, em que se desenha a árvore genealógica onde constam não apenas os nomes dos antepassados mas também os acontecimentos de vida, as datas e as idades, tanto os positivos como os traumáticos da linhagem materna e paterna, assim como as afinidades afectivas (sociométricas) e identificações fisicas e psicológicas que ligam os membros dessa grande familia.
O trabalho consiste em encontrar e analisar os acontecimentos, padrões psicológicos, relacionais e psicosomáticos, que se repetem resultantes de traumas e conflitos não resolvidos nas gerações anteriores e tendo em consideração os contextos históricos e sociológicos em que ocorreram, e que são transmitidos de forma automática e inconsciente para as gerações seguintes.
O Terapeuta começa por identificar um tema trazido pelo paciente e vai seguindo a linha de associações e pistas espontaneas do paciente, verbais e não verbais para encontrar o “fil rouge” causal, criando uma interacção/diálogo activo com base em questões que se baseiam em hipóteses explicativas por parte de quem conhece os principais fenómenos transgeracionais.